Monday, February 10, 2003

Carta para meu espelho RJ:09/fevereiro/2003

Diante de acusações do tempo, das calúnias do meu desejo, decidi participar mais ativamente da minha introspeção. Vivendo enclausurada dentro de mim mesma, descobri que sou uma boa vizinha, e um péssimo ouvinte. Grito comigo mesmo, e nessas últimas noites tenho ouvindo berros e barulhos estranhos dentro de mim. Pensei em chamar a polícia, mas como alguém de instinto animal e primata que sempre fui não permito que na verdade haja quem me policie. Sim, sempre fui dona de mim mesma, então nunca me permito ser minha própria crítica...mesmo sendo. Ora, é sempre um jogo de empurra empurra, eu me mando, e não me deixo obedecer ordens... quase uma tripla persolanidade.
Só minha alma sabe no que ando pensando essas últimas noites quentes. Dormindo tarde, acordando cedo, andando pelas ruas, ficando tonta com tantas pessoas nas calçadas...só nós duas sabemos das coisas que ando pensando e sentindo. E ontem, tão a vontade, houve mais uma briga feia aqui dentro. E como uma boa vizinha, levei uma xícara de chá pela manhã e disse a ela que tudo iria passar. Que esse tempo que andava nos acusando de termos esse caso, que é só nosso e apenas para nosso próprio conforto, iria entender que talvez fosse melhor, depois de mais uma briga, bater a porta e ir embora. Talvez ele, um dia, entenda que tanto você como eu estamos em boas mãos. As nossas.